Dislexia infantil: quais os sintomas e sinais de alerta?

Dislexia infantil: quais os sintomas e sinais de alerta?

Quais os sintomas de Dislexia Infantil? Quais os sinais de alerta que os pais, educadores e professores devem estar atentos?

Embora o diagnóstico da perturbação de aprendizagem específica só deva ser formalmente realizado após dois anos de aprendizagem formal da leitura e escrita, existem desde mais cedo, sintomas e sinais de alerta da Dislexia que não devem ser ignorados.

Sempre que detetados, é fundamental realizar a avaliação neuropsicológica e linguística, específica para cada criança ou adolescente, e posteriormente, deve ser iniciado o processo de intervenção, dado que quanto mais precoce for a intervenção, maior a probabilidade de sucesso.

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Evitar erros de "avaliação"

Ao longo da minha experiência tenho-me deparado com inúmeros casos onde alguns pais, educadores e/ou professores, procuram proceder, de forma errada, a uma “avaliação” com base em crenças, mitos ou apenas em informações que possuem ou que pesquisaram. É muito importante evitar este tipos de erros, pois esta “avaliação” sem base clínica, poderá gerar graves consequências e problemas no futuro da criança e/ou adolescente.

Qual a diferença entre sintomas e sinais de alerta?

Muitas vezes ouvimos falar em sintomas e sinais de alerta, dois termos que descrevem aspetos importantes do nosso bem-estar, mas que são importantes de diferenciar.

Sintomas

Referem-se a experiências subjetivas relatadas, ou seja, sensações ou mudanças percebidas e percecionadas por quem as está a vivenciar, neste caso, pelas crianças/adolescentes.

Sinais de alerta

Observações objetivas realizadas por pais, educadores, professores e profissionais de psicologia. Nestes últimos, os únicos que podem comprovar ou não a validades destes sinais, através da realização das avaliações e/ou intervenções clínicas. São portanto, alterações mensuráveis ou observáveis que indicam a presença de uma perturbação.

Sabia que?

crianças têm Dislexia (DMS-V)
Em cada 100, 5 a 0
alunos terá, em média, Dislexia
Em Portugal, 1 em 0

Nem todas as crianças e/ou adolescentes com Dislexia indicam ou apresentam todos o sintomas e sinais de alerta, que aqui são identificados.

No entanto, na eventualidade de identificar alguns dos abaixo mencionados, é importante consultar um profissional qualificado, como um psicólogo ou um neuropsicólogo infantil, para que seja realizada a avaliação e o devido diagnóstico.

Quais os Sintomas de Dislexia Infantil?

Na experiência, isto é, na vivência da criança, ela pode relatar as suas sensações e/ou as alterações, por si percebidas e percecionadas perante a sua “condição”. Como por exemplo:

Dificuldade na Leitura:
A criança pode relatar que tem dificuldade em aprender a ler ou que a leitura é uma tarefa difícil e cansativa.
1
Problemas de Ortografia:
A criança pode indicar que sente dificuldades em soletrar palavras corretamente, mesmo depois de terem sido ensinadas.
2
Leitura Lenta:
A criança pode descrever que a leitura é mais lenta em comparação com os seus colegas.
3

Quais os Sinais de alerta de Dislexia Infantil?

Existem um conjunto significativo de sinais de alerta “expostos” ao longo do desenvolvimento das criançasem idade pré-escolar e idade escolar, que podem ser identificados. O mesmos se aplica a adolescentes e jovens.

Exemplos para que pais, educadores e professores possam identificar estes sinais nas crianças e adolescentes.

Sinais de alerta em crianças de idade pré-escolar

  • Atraso na aquisição da linguagem: primeiras palavras depois dos 15 meses e frases simplesdepois dos 24 meses.
  • Dificuldade de articulação de palavras, depois dos 4 ou 5 anos: pipocas/popicas, frio/fio, coelho/coeio.
  • Padrão de linguagem imaturo: “falar à bebé”.
  • Dificuldade em acompanhar com palmas rimas simples.
  • Dificuldade em memorizar canções e lengalengas, pequenas histórias.
  • Lentificação em nomear objetos e imagens.
  • Dificuldades:

Aquisição de conceitos de tempo e espaço básicos: ontem/amanhã; direita/esquerda; depois/antes. 

Recontar histórias de forma lógica ou ordenada.

Lembrar ou seguir instruções/pedidos.

Conhecer as letras do seu nome próprio.

Aprender e recordar os nomes e sons das letras e aprender novas palavras.

  • Confusão com os pares de palavras que soam de forma semelhante: nó/só, tua/lua, vaca/faca, por exemplo.
  • Dificuldade ou desinteresse em participar em jogos de sons: segmentar palavras em sílabas, contar sílabas, jogos de rimas, identificação de sons iniciais das palavras ou dos nomes, etc.
  • Vocabulário adequado mas dificuldade em categorizar. Ex.º: descreve o que é um sapato e para que serve, mas tem dificuldade em associar a sua categoria: Calçado.

Sinais de alerta em idade escolar

● Dificuldade em aprender e recordar os nomes e sons das letras.
● Dificuldades ou desinteresse em participar em jogos de sons: segmentar palavras em sílabas, contar sílabas, jogos de rimas, identificação de sons iniciais das palavras ou dos nomes, etc.
● Confundir letras semelhantes ou que soam semelhantes: f/v , p/t, m/n, e/i, o/u
● Dificuldade em:

Ler palavras simples, especialmente se não tiver imagens.

→ Identificar sílabas e fazer divisão silábica.

→ Processar os limites/fronteiras, produzindo aglutinações, união de elementos: demanhã, edepois, porisso, ou separações: em tão, sabo nete, de pois. 

● Dificuldade em: 

→ Identificar o som (fonema) individual de cada letra

→ Misturar fonemas e formar novas palavras

→ Soletrar e relembrar como as palavras são soletradas e como aplicar as regras ortográficas

→ Pronunciar palavras desconhecidas

Identificar rimas

→ Aprender sons feitos por combinações de letras.

● Quando alguém lê os textos o seu nível de compreensão aumenta: recuperar palavras.
● Os seus desempenhos são inconsistentes.
● Numa composição ou resposta de desenvolvimento, para além dos erros, tem inúmeras dificuldades em transmitir a sua mensagem.
● Em texto tem dificuldade em respeitar os sinais de pontuação.
● Não compreende o que é perguntado e responde de forma descontextualizada: dá respostas “ao lado” daquilo que é perguntado.
● Comete erros quando está a copiar.
● Erros típicos de inversão de letras.
Evitar ler em voz alta ou simplesmente em ler.
Leitura lenta e/ou segmentada.
● Substituir palavras com frequência ou omitir palavras completamente.
Lento para responder oralmente.
Mais lento para concluir tarefas de leitura ou escrita.
Inventar palavras sem sentido no lugar de palavras reais.
● Usando gestos no lugar de palavras.
Confusão de letras com semelhança morfológica e fonética, como a/o manuscritas, ou o/u nas impressas, de letras cuja forma é idêntica mas que se distinguem na sua posição relativa, como b/d, p/q, u/n, d/p, d/q, por exemplo, e de palavras com inversões e omissões, como cubido/bicudo, dral/ladra, borboleta/bolota, por exemplo.

 Sinais de alerta em adolescentes

  • Dificuldades de leitura persistentes, com alteração de fluência (leitura lenta, esforçada e cansativa) e prosódia (entoação);
  • Dificuldades em ler e pronunciar palavras pouco comuns, estranhas, ou únicas, como nomes de pessoas, de ruas, de lugares, dos pratos, na lista do restaurante, entre outras.
  • Dificuldade em reconhecer palavras que leu ou ouviu quando as lê ou ouve no dia seguinte;
  • Baixo interesse na leitura ou preferência por livros com poucas palavras por página e com muitos espaços em branco;
  • Dificuldade em relembrar abreviaturas comuns.
  • Pode não compreender determinadas piadas.
  • Usa palavras substitutas.
  • Longas horas na realização dos trabalhos escolares.
  • Alterações de ortografia, adotando comportamentos compensatórios, como recurso a palavras menos complexas, mais fáceis de escrever.
  • Evitar situações de leitura em voz alta, com impacto nas situações sociais.
  • Persistência das dificuldades de linguagem oral, com alteração da produção correta das palavras.
  • Vocabulário expressivo inferior ao vocabulário compreensivo.

Quanto mais precocemente forem detetadas as fragilidades e iniciada a intervenção, maior será a probabilidade de minimizar as dificuldades e potenciar o sucesso escolar da criança.

O conhecimento sobre a Dislexia por parte dos pais, educadores e professores é a chave para um melhor futuro da criança/adolescente com Dislexia.

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